02 junho 2008

Derrota

Derrota, minha derrota, minha solidão e minha indiferença;
Vocês me são mais caras que mil triunfos,
E mais doces ao meu coração do que toda a glória do mundo.

Derrota, minha derrota, conhecimento de mim e meu desafio,
Através de você sei que ainda sou jovem e de pés velozes,
E que não me deixarei prender por louros murchos.
Em você encontrei a solidão
E o prazer de ser evitado e desprezado.

Derrota, minha derrota, meu escudo e espada reluzente,
Em seus olhos vi
Que subir ao trono é tornar-se escravo.
E que ser compreendido é ser diminuído,
E que ser dominado é alcançar a plenitude
E, como uma fruta madura, cair e ser consumido.

Derrota, minha derrota, companheira ousada,
Você vai escutar minhas canções e meus gritos e meus silêncios,
E ninguém além de você vai falar comigo do bater de asas,
E da ânsia dos mares,
E de montanhas que ardem à noite.
Só você vai escalar minha alma íngreme e rochosa.

Derrota, minha derrota, minha coragem imortal,
Você, só você e eu vamos rir com a tempestade,
E juntos abriremos covas para tudo o que morre em nós.
E vamos ficar de pé ao sol, com vontade,
E seremos perigosos.

(Khalil Gibran)

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